Imagem da região pélvica de uma mulher

O que é?

Os órgãos pélvicos são bexiga, útero, reto, vagina e uretra. É importante lembrar que uretra e vagina são órgãos também, e não apenas cavidades: elas tem paredes, como se fossem duas panquecas macias, de tamanhos diferentes. Observe na figura ao lado, como cada um destes órgãos fica posicionado em um local bastante preciso.

Imagine que durante o dia-a-dia, quando a mulher está em pé, a gravidade faria que todos estes órgãos descessem, se amontoando no fundo da cavidade pélvica. Mas isto não acontece, porque cada um destes órgãos está suspenso por elásticos biológicos chamados ligamentos.

Além destes ligamentos, os órgãos também são sustentados por uma espécie de cama elástica, sobre a qual eles repousam. Trata-se do assoalho pélvico, um conjunto formado por uma musculatura em formato de cama elástica (MAP), recoberta por fáscias. As fáscias são tecidos resistentes, semelhantes ao tecido dos ligamentos. A diferença é que ligamentos são roliços, como barbantes, enquanto que fáscias são tecidos, como um lençol, ou, mais precisamente, como a malha de um colant de ginástica. A MAP veste este colant de fáscias.

As fáscias e ligamentos do assoalho pélvico estabilizam os órgãos, enquanto que sua musculatura (a MAP) puxa estes órgãos para cima. Ela fica contraída mesmo sem vontade própria, durante praticamente todo o dia. O assoalho pélvico (a MAP, suas fáscias e ligamentos) tem formato de cama elástica. E toda cama elástica é presa lateralmente a um anel de ferro, para mantê-la esticada. Este “anel de ferro” da MAP é um anel ósseo, chamado anel pélvico.

Ruptura dos “elásticos suspensores”:

No entanto, a propósito especialmente do parto, o assoalho pélvico pode ser lesionado. O tipo mais comum de lesão é quando uma parte do assoalho solta do anel pélvico, exatamente como se uma das amarras da cama elástica tivesse se soltado do anel de ferro que mantém a cama esticada.

Isso acontece, normalmente, em apenas um ponto. Quando este ponto é próximo da bexiga, o órgão perde parte de sua sustentação e acaba descendo, o que chamamos prolapso de bexiga, prolapso vesical ou cistocele. Podem ser lesionados os ligamentos, os músculos ou as fáscias.

Mas o ponto de lesão pode ser mais posterior, nos pontos de fixação do útero, que como a bexiga, também fica suspenso por ligametos e fáscias. Neste caso temos o chamado prolapso uterino ou histerocele. Para os casos de lesão nas partes mais posteriores do assoalho pélvico, perto dos pontos de sustentação do reto, temos a chamada retocele.

Consertando a ruptura:

Como um tecido qualquer rompido, o assoalho pélvico pode também ser consertado. Para isto existem diferentes técnicas cirúrgicas, uma para cada tipo específico de lesão e local de lesão.

Infelizmente não é possível suturar osso, o que torna inviável a sutura da fáscia rompida novamente no anel pélvico ósseo. Felizmente existem outras técnicas que permitem corrigir a situação. É importante lembrar que a lesão, normalmente, acontece em apenas um (ou dois) pontos, e portanto o sucesso da cirurgia vai depender em muito da precisão do diagnóstico, ou seja, em se descobrir exatamente qual estrutura foi lesionada, e em qual ponto (local exato da lesão).