Março Amarelo: Cólicas menstruais podem ser sinal de alerta para endometriose, afirma Dra. Helizabet Salomão

Março Amarelo: cólicas menstruais

Neste artigo iremos compartilhar o texto escrito pela jornalista Roseli Tardelli, que participou em uma das nossas lives especiais do Março Amarelo. Falamos sobre o principal sintoma, as cólicas menstruais, como funciona o atendimento pelo SUS e muito mais. Confira!

A endometriose afeta cerca de 10% da população feminina brasileira, segundo o Ministério da Saúde, sendo mais frequente entre mulheres de 25 a 35 anos. A doença é causada por uma infecção ou lesão decorrente do acúmulo, em outras partes do corpo, das células que recobrem a parte interna do útero (o endométrio) e que são eliminadas com a menstruação.

O assunto foi destaque na noite desta segunda-feira (7), em live realizada pela Clínica Ayroza Ribeiro, em homenagem ao Março Amarelo, Mês Mundial de Conscientização sobre a Endometriose . Com participação da jornalista Roseli Tardelli, diretora desta Agência, e da atriz Maria Bia, a Prof. Dra. Helizabet Salomão Abdalla Ayroza Ribeiro mediou as discussões no Instagram e esclareceu muitas dúvidas.

“Mesmo depois de uma cirurgia de sucesso é possível ter endometriose novamente?”, perguntou uma paciente que acompanhava a live. Outra mulher quis saber sobre o acompanhamento pós-cirurgia. Teve gente que se comprometeu a ir ao ginecologista investigar as cólicas constantes. Outra pergunta foi sobre tomar anticoncepcional de forma continuada.

Segundo a especialista, que é chefe do setor de Endoscopia Ginecológica e Endometriose da Santa Casa de São Paulo, a demora do diagnóstico da doença é comum, mas costuma estar associada ao fato de muitas mulheres, mesmo sofrendo, protelarem a ida ao médico, por acreditarem que as cólicas menstruais são naturais.

“Infelizmente, casos assim são frequentes. Principalmente devido à tendência das 1pessoas naturalizarem a cólica menstrual, o principal sintoma e a principal queixa das pacientes”, afirmou a médica.

Dra. Helizabet chamou atenção para a importância dos exames mais detalhados para o diagnóstico. “A ressonância magnética pélvica e o ultrassom transvaginal com preparo intestinal são os dois principais meios de identificar a endometriose.”

Respondendo às perguntas, a médica explicou que é possível sim ter endometriose mais de uma vez, por isso a importância do acompanhamento médico. Segundo a especialista, o uso prolongado de anticoncepcionais pode “mascarar” a doença. “Quando contínuo, o uso da pílula pode encobrir a existência da endometriose.”

Cólicas podem ser sinal de alerta

A especialista alerta que muitas mulheres que têm endometriose não apresentam qualquer outro sintoma que não uma cólica menstrual moderada. O que reforça a importância de que todas consultem um ginecologista ao menos uma vez por ano e que jamais naturalizem a dor.

“A mulher ouve que é normal ter cólica, que basta tomar um remédio, e deixa o tempo passar. De fato, é normal a mulher ter cólicas nos primeiros dias da menstruação, mas não que estas dores, quando fortes, não passem nem tomando medicamentos. Não é natural que as dores atrapalhem atividades, o trabalho. Que impeçam a mulher de praticar atividades físicas. Aí, é o caso de procurar um especialista”, frisou Helizabet.

Além da cólica intensa que, em muitos casos, se torna debilitante, a médica explicou que a doença costuma estar associada a outros sintomas, como uma dor profunda na vagina ou na pelve, durante a relação sexual, ou a uma dor pélvica contínua, mesmo que não relacionada à menstruação. Outros sintomas comuns são a prisão de ventre ou a diarreia durante o período menstrual e a dor ao evacuar ou urinar.

Foram essas dores que Roseli e Maria Bia sentiram antes de descobrir que tinham endometriose. As duas já passaram por cirurgia. Maria Bia descobriu que seu caso era grave, endometriose profunda, e teve de ser submetida a uma cirurgia de emergência depois de sofrer hemorragia. Roseli também teve endometriose profunda e fez cirurgia duas vezes, na primeira vez o médico não retirou a doença e ela voltou a sentir dores. “Ainda bem que encontrei a dra. Helizabet, ela sabe tudo. Hoje estou bem e sem endometriose, faço exames anual. Agora, nosso maior desafio é ampliar as discussões para que as mulheres tenham acompanhamento no SUS”, disse Roseli, se comprometendo a conversar com diferentes instâncias governamentais sobre a importância de investimento no tratamento da endometriose.

Maria Bia aproveitou o momento para relatar que a cirurgia não é tão simples quanto parece. “Tive uma boa recuperação, mas precisei de muita ajuda. Minha mãe veio de Brasília para me acompanhar. A rede de cuidados é fundamental no processo.”

SUS

No Mês Mundial de Conscientização sobre a Endometriose, a campanha Março Amarelo alerta para a doença.

Desde julho de 2016, as secretarias de Saúde dos estados, municípios e do Distrito Federal devem oferecer os tratamentos médicos estabelecidos no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Endometriose, publicado pelo ministério, com os critérios de diagnóstico e de tratamento, bem como os mecanismos de regulação, controle e avaliação da doença em todo o país.

Há disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) dois tipos de tratamento. O tratamento clínico visa neutralizar o estímulo hormonal estrogênico nos focos de endometriose, proporcionando melhora nos sintomas da doença, associado a medicamentos para o controle da dor. Em pacientes que não desejam engravidar, contraceptivos hormonais são utilizados.

Já o tratamento cirúrgico é indicado quando os sintomas são graves, incapacitantes, quando não houver melhora com tratamento empírico com contraceptivos orais ou progestágenos, em alguns casos de endometriomas, de distorção da anatomia das estruturas pélvicas, de aderências, de obstrução do trato intestinal ou urinário, e para pacientes com infertilidade associada à endometriose.

“Nestes casos, a escolha do tratamento deve ser feita pelo médico e compartilhada com a usuária, avaliando sempre a gravidade dos sintomas, a extensão e a localização da doença, a idade da mulher e, principalmente, o desejo de engravidar”, esclarece o ministério.