Endometriose e Infertilidade. Novos estudos avançam para entender melhor essa relação.

Endometriose e Infertilidade. Novos estudos avançam para entender melhor essa relação.

A endometriose é a doença mais estudada da área ginecológica nos últimos 15 anos. Mesmo assim, suas causas ainda são desconhecidas.

O que se sabe é que a endometriose ocorre quando o endométrio, tecido que reveste o útero para que fique preparado para uma possível gravidez, apresenta um crescimento anormal e se desenvolve em diversos outros órgãos do corpo. Na menstruação, mesmo fora do útero, esse tecido descama junto com o endométrio original, daí o aumento do fluxo menstrual, as dores intensas e a dificuldade para engravidar.

Esse último sintoma muitas vezes acompanha a mulher com endometriose. Estima-se que 30% ou mesmo metade das pacientes sofrem de infertilidade. A principal causa consiste na danificação das trompas, a inflamação que ocorre nelas pode obstruir as tubas, dificultando ou impedindo a passagem do óvulo. Entretanto, esse pode não ser o único motivo responsável pela infertilidade.

É o que indica a pesquisa publicada na Science Translational Medicine no artigo intitulado Loss of HDAC3 results in nonreceptive endometrium and female infertility. O estudo realizado por cientistas sul-coreanos e estadunidenses, com amostras de tecido endometrial de 21 mulheres com endometriose e infertilidade, apontou que em todas as amostras havia algum tipo de deficiência nas moléculas de HDAC3. Uma enzima, encontrada no revestimento do útero, encarregada de controlar proteínas que auxiliam no preparo uterino para receber o óvulo fecundado.

A pesquisa continuou com a indução de endometriose em babuínos e camundongos. Os exames comprovaram que as taxas de HDAC3 caíram de maneira significativa em todos animais. A última etapa foi criar, a partir da engenharia genética, camundongos sem o gene capaz de produzir a enzima HDAC3 e o resultado foi que os animais nasceram estéreis. Fato é que a enzima desenvolve papel preponderante na capacidade de engravidar, basta agora saber como identificá-lo. Afinal, não sabemos ainda qual é a relação exata que ela possui com a infertilidade ou até mesmo com a própria endometriose. Serão necessárias mais pesquisas.

A boa notícia é que a comunidade científica está cada dia mais perto de encontrar novos métodos de prevenção e tratamento para esse mal que aflige 7 milhões de brasileiras.